quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ur Banismos

foi o nome que dei à minha visão periférica.
À medida que me afastava do centro, surgia o amontoado de prédios sobrepostos, de casas justapostas, de luzes aprisionadas que saíam das janelas ou dos espaços por onde se conseguiam libertar.
Executei estes trabalhos sobrepondo colagens de pedaços de papel que poderiam muito bem ter sido colocados no lixo pelos habitantes daqueles mesmos prédios.
As colagens que faço obedecem a uma persistência na reciclagem, uma forma de denúncia do desperdício e da fragilidade da fronteira entre o essencial e o acessório.
Denúncia dos que foram banidos dos centros para se fixarem nas periferias, onde, afinal, acabam por estar também quase ausentes.
A raridade da figura humana nas imagens revela essa mesma ausência, ainda que, de onde em onde, se possam entrever algumas figuras ou espaços que funcionam como sonhos.
Com os banidos para a posição periférica, afastados dos centros de decisão, foi sempre assim, até ser atingido o uso da periferia como solução aparente, o que relativiza e desculpabiliza o poder central – um poder ancestral que concentrou os chefes no âmago das povoações.
Esta evocação do tempo surgiu-me no prefixo Ur, que, em alemão, significa antiguidade. Os banismos/banidos não são novos. Apenas a forma de os representar pode ser nova, enquanto desafio às novas habitações.

António Ferra - do catálogo da Exposição Ur banismos, espaço ponto e vírgula, Torres Vedras, Novembro a Dezembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

corpos série eros



























































Técnica mista sobre papel, após tratamento de imagem em programa informático.
Trabalhos que acompanham o livro de poemas "Escalpe", de Amadeu Baptista , &etc,2009